VITOR MORETTI – ARAÇATUBA
Pela segunda vez em oito dias, caminhoneiros fizeram uma manifestação pelas principais ruas e avenidas de Araçatuba na tarde de ontem (28). Diferentemente da realizada no fim de semana, dessa vez o ato também contou com a participação de centenas de pessoas, de todas as idades e profissões.
O ato começou exatamente às 16h, em um posto de combustíveis às margens da Rodovia Marechal Rondon (SP-300). De lá, os motoristas de transporte de cargas saíram em comboio até a rua Aguapeí, passando pela Avenida Mário Covas e chegando até a Araçá, onde os manifestantes ficaram parados ao lado da antiga estação ferroviária.
Uma fila de caminhões, carros, vans e ônibus escolares se formou no prolongamento da avenida. Aos poucos, a população foi se aproximando e aderindo ao movimento. Muitas delas tinham o rosto pintado com as cores verde e amarelo. Outras carregavam a bandeira do Brasil e muitas erguiam faixas pedindo a intervenção militar.
De acordo com um dos responsáveis pela manifestação, o motorista autônomo Odair Marques, as propostas apresentadas pelo presidente Michel Temer no domingo à noite (27) não foram suficientes para a categoria. O Chefe do Executivo se comprometeu a reduzir o preço do litro do diesel em R$ 0,46 nos próximos 60 dias, suspender a cobrança de pedágios em todas as rodovias do país para eixos suspensos, além do valor mínimo do frete.
“Nós não concordamos com essa política. Agora, a luta não é somente dos caminhoneiros. A luta é de toda a população. Não queremos somente a redução do preço do diesel e sim de todos os combustíveis, como a gasolina e o etanol”, complementou.
A manifestação de ontem contou com a participação de crianças, adultos e idosos. O advogado Thiago Rodrigues dos Santos, 34 anos, passava pela Avenida dos Araçás no momento em que o protesto acontecia junto com a mãe Eunice Rodrigues dos Santos, de 72 anos. Ele acredita que o Brasil precisa de mudança.
“A cobrança de impostos é absurda, há muita corrupção. Os caminhoneiros estão corretos no que estão fazendo, lutando pelos seus direitos e pelos anseios da população”.
COMÉRCIO
Depois de uma reunião feita com representantes da Associação Comercial de Araçatuba, a categoria chegou a um acordo para que os lojistas fossem orientados a fecharem os comércios mais cedo, às 16h30. Algumas dessas lojas, com exceção das de rede, apoiaram o ato. Os proprietários e funcionários de alguns estabelecimentos compareceram à manifestação depois do expediente. Foi o caso do comerciante Sandro Puertas, dono de uma loja no Calçadão.
“Eu fechei o meu comércio mais cedo para apoiar a paralisação e a intervenção militar no Brasil e provar para o governo que nós não somos minoria”.
Já o empresário Carlos Alberto Zago também decidiu fechar a loja de sapatos mais cedo e trazer seus funcionários até a manifestação. “Temos que apoiar, fazer pressão, porque nós pagamos muitos impostos e os caminhoneiros estão corretos no que estão fazendo“, disse.
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 17h30 cerca de mil pessoas participavam da manifestação pacífica na área central de Araçatuba. Em outras cidades da região, como Birigui, Auriflama e Jales, também foram registrados protestos.
TIRO DE GUERRA
Da antiga estação ferroviária de Araçatuba, os grupos seguiram em carreata até ao Tiro de Guerra, localizado a aproximadamente dois quilômetros de distância. Com ‘buzinaço’ e gritos de ‘intervenção militar já’, a intenção dos organizadores era a de terminar o movimento em frente ao Exército para pedir que os militares assumissem o controle do país.
A reportagem do jornal O LIBERAL REGIONAL conversou com o Subtenente Nelson Roberto Fernandes sobre o ato. “Eu recebi os representantes do movimento durante a manhã e eles passaram as informações sobre a manifestação. Não há nenhum impedimento do Exército em relação ao ato, já que a rua é um espaço público, mas desde que não haja baderna e danificação do patrimônio público”, informou.
O militar também comentou a respeito de uma das pautas dos grevistas sobre a intervenção militar. “Araçatuba é uma região na ponta da linha. Não estou autorizado a emitir opiniões a respeito disso, mas caso eles trouxerem essa demanda, o nosso compromisso é repassá-la as nossos superiores”, finalizou.
Após a chegada ao Tiro de Guerra, os manifestantes se aglomeraram em frente ao quartel e cantaram o hino nacional em forma de continência. Em seguida, todos presentes deram uma salva de palmas.
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