ARNON GOMES – GUARARAPES
O Estado solicitou que a Prefeitura intervenha, com urgência, na Santa Casa de Guararapes. A medida é apontada como saída para a crise financeira enfrentada pelo hospital, conforme ofício assinado pela diretora técnica de serviço do DRS-II (Departamento Regional de Saúde), Alexandra Zampronio, encaminhado na última terça-feira ao prefeito Tarek Dargham (PR).
O chefe do Executivo, por sua vez, em entrevista ao jornal O LIBERAL REGIONAL, rebate. Disse que é o governo paulista quem deve intervir. “A Santa Casa não é referência só para Guararapes, mas para Bento de Abreu e Rubiácea também.”
Enquanto as autoridades não chegam a um consenso, ontem, a paralisação dos oito médicos plantonistas que prestam serviço à distância chegou a quatro dias. Eles estão com salários de quatro meses atrasados, dívida que chega a aproximadamente R$ 300 mil.
A solicitação do DRS-II, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde, ocorre menos de uma semana após o provedor do hospital, Marcos Taksahi Sabane, ter ido a São Paulo pleitear verba adicional no valor equivalente ao devido aos profissionais da medicina. Na terça-feira, o governo estadual autorizou a liberação de R$ 200 mil para a irmandade, mas se trata de recurso solicitado em março, em que metade da verba deve, necessariamente, ser destinada à manutenção e conservação de equipamentos hospitalares. A direção da Santa Casa pretende usar metade desse dinheiro para abater os salários em atraso.
No documento, Alexandra diz: “Esclarecemos que a Santa Casa de Misericórida de Guararapes é referência primária para os municípios de Guararapes, Bento de Abreu e Rubiácea e está sob gestão municipal, que recebe os recursos para realização dos atendimentos de internações das clínicas: médica, ortopédica, cirúrgica, pediátrica, obstétrica e também de anestesia”. Ainda no texto, a diretora ressalta que o CROSS (Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde) não será informado sobre a crise por se tratar de questão administrativa. Esse órgão, também pertencente à Secretaria de Saúde, congrega ações voltadas para a regulação do acesso nas áreas hospitalar e ambulatorial, os setores prejudicados com a suspensão dos atendimentos iniciada no último domingo.
Ontem, Tarek disse que, independentemente de intervenção, articula a obtenção de verba para pagar os médicos. Ele informou que espera, ainda nesta semana, a liberação de R$ 100 mil de emenda parlamentar para a saúde, que poderá ser usada para o pagamento. Segundo ele, dos oito médicos que pararam, cinco são do quadro da Prefeitura, com salário de R$ 6.369,00 por três horas de trabalho ao dia. Ele ressaltou que, antes de qualquer decisão, quer conversar com os plantonistas.
Os médicos estão sem receber os vencimentos de janeiro, fevereiro, março e maio. A decisão dos médicos afeta diretamente as cirurgias eletivas e o atendimento a pacientes internados, nos casos em que o acompanhamento requer um médico especialista. Fica prejudicada ainda a atenção à clínica médica, cirúrgica, ortopédica, otorrinolaringológica, obstétrica e ginecológica, além do serviço de anestesia.J á os serviços de urgência e emergência, prestados no pronto-socorro seguem com atendimento normal, de 24 horas. O PS atende, em média, cinco mil pessoas por mês.
COMO SERÁ
Se a Prefeitura intervir no hospital, a forma de gestão voltará ao mesmo regime que vigorava há pouco mais de um ano. Durante dois anos, entre 2015 e 2017, a Santa Casa ficou sob intervenção do município. Nesse caso, o próprio prefeito nomeia um interventor, que passa a responder pela administração do serviço.
Em março do ano passado, a Prefeitura passou a gestão do hospital para a irmandade, estando assim até hoje e sendo mantida com recursos do SUS, particulares e convênios. Com isso, o poder público local ficou responsável só pelo custeio do pronto-socorro. Para este serviço, o município repassa R$ 300 mil por mês.
Quando a gestão mudou , a dívida chegava a mais de R$ 2 milhões.
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