Médicos que prestam serviço de plantão à distância para a Santa Casa de Guararapes decidiram suspender o atendimento à população. A paralisação, por tempo indeterminado, começou no último domingo em protesto pelo atraso dos salários referentes aos meses de janeiro, fevereiro, março e maio. O aviso de greve é assinado por oito médicos. Ao todo, os vencimentos em atraso somam aproximadamente R$ 300 mil.
De acordo com comunicado distribuído à imprensa pelo hospital, ontem, no final da tarde, a decisão dos profissionais afeta diretamente as cirurgias eletivas – aquelas em que se pode escolher a data para realização, após exames – e o atendimento a pacientes internados, nos casos em que o acompanhamento requer um médico especialista. Fica prejudicada a atenção à clínica médica, cirúrgica, ortopédica, otorrinolaringológica, obstétrica e ginecológica, além do serviço de anestesia.
Já os serviços de urgência e emergência, prestados no pronto-socorro do hospital, seguem sem quaisquer prejuízos, com atendimento 24 horas. A Santa Casa é referência para os moradores de Guararapes, Rubiácea, Valparaíso e Bento de Abreu. Seu PS atende, em média, cinco mil pessoas por mês.
SOLUÇÕES
No comunicado, a direção da irmandade diz que tem procurado atualizar os salários dos médicos que prestam o plantão à distância há várias semanas. Uma das razões para o problema, segundo apurou a reportagem, está na verba repassada por Estado e município, considerada baixa especialmente para a cobertura de encargos.
Ontem, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou que é responsável apenas pelas despesas do pronto-socorro, não pelas hospitalares. De acordo com o município, quando o governo de Tarek Dargham (PR) assumiu, em janeiro do ano passado, o repasse orçado era de cerca de R$ 150 mil. “Depois, a Prefeitura aumentou e hoje o repasse é de R$ 300 mil, sem atrasar nenhum mês, fora os extras enviados”, diz a nota oficial. Esse valor foi definido em março de 2017, assim que a Santa Casa saiu da intervenção do município, condição que durou dois anos.
Na época, a dívida da instituição superava mais de R$ 2 milhões. Sem a intervenção, ficou decidido que a Santa Casa será mantida com verba do SUS (Sistema Único de Saúde), particulares e convênios.
ADICIONAL
No entanto, a Santa Casa alega a necessidade de liberação de uma verba emergencial, específica para solucionar o problema. As tratativas com os governos municipal e estadual têm sido feitas nesse sentido.
Na última quarta-feira, por exemplo, o provedor da Santa Casa, Marcos Taksahi Sabane, viajou a São Paulo para encaminhar ofício à Secretaria de Estado da Saúde, solicitando os R$ 300 mil necessários para quitar as quatro folhas de pagamento atrasadas dos médicos.
No mesmo dia, mais de 20 provedores de santas casas do Estado fizeram pedidos semelhantes. Na reunião com o secretário estadual de Saúde, Marco Antônio Zago, e o deputado estadual Ed Thomaz (PSB), que é da região de Presidente Prudente, diretores relataram a dificuldade de manter os hospitais em funcionamento. O objetivo do encontro foi tratar da possibilidade de aumento de recursos. O Estado, no entanto, ficou de analisar a questão.
Com a ida a São Paulo, a provedoria tentava evitar a paralisação, mas, no último sábado, os médicos protocolaram na secretaria da Santa Casa o comunicado, informando que, a partir de 1º de julho, iriam cruzar os braços. No mesmo dia, cópia do documento foi entregue no gabinete do prefeito a fim de lhe dar ciência da decisão.
ARNON GOMES
Guararapes
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