Pesquisa realizada pelo Observatório da Enfermagem mostra que subiu no Brasil o número de profissionais de enfermagem que foram a óbito em virtude da Covid-19. De acordo com o estudo feito pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) subiu para, pelo menos, 37 o número de trabalhadores que não resistiram ao coronavírus. Os dados retratam o impacto das infecções do novo coronavírus entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem até segunda-feira, 20 de abril.
Ao todo, já são mais de 5.716 trabalhadores da enfermagem infectados pelo Covid-19, dos quais quase 70% foram registrados na região Sudeste. Só em São Paulo, existem 1.797 profissionais atingidos, dos quais 14 foram a óbito, sendo que 8 já foram confirmados por coronavírus. As denúncias crescem em relação a falta de equipamentos de proteção individual (EPIs) para trabalhar.
“Recebemos todos os dias denúncias das más condições de trabalho. Os sindicatos estão agindo, seja negociando com as unidades de saúde ou entrando com processo na Justiça para garantir os equipamentos necessário. Os números chamam a atenção pela escalada de casos reportados por enfermeiros responsáveis ou coordenadores das áreas de atendimento. Em 5 de abril, eram 230 casos suspeitos ou confirmados e agora já são quase 6 mil”, avalia o presidente da Federação Paulista da Saúde, Edison Laércio de Oliveira.
De acordo com o Ministério da Saúde, o problema está no fornecimento dos produtos. Cerca de 90% dos materiais são produzidos na China, que encerrou a produção devido à pandemia e, agora, os países enfrentam uma disputa entre si na compra dos materiais. “Alguma solução precisa ser encontrada, pois sabemos que o Brasil ainda não atingiu o pico da doença”, alerta.
"Os dados refletem o avanço da pandemia e têm nos preocupado muito. O maior problema hoje na enfermagem é a falta de equipamento de proteção individual (EPI). Há denúncias de reuso de máscara N95 e outras que são feitas em material duvidoso. Se a pandemia avança, e não temos EPI, a tendência é ter um maior número de profissionais contaminados e mais afastamentos", afirma Gilney Guerra, conselheiro federal. Segundo Guerra, os profissionais de enfermagem estão na linha de frente no atendimento aos pacientes com coronavírus. Ao todo, há 2.263.132 profissionais de enfermagem registrados nos conselhos da profissão em todo o país, segundo o Cofen.
Guerra cita que, em tempos de pandemia, segue-se uma resolução da Anvisa que determina um técnico de enfermagem para cada dois leitos de UTI e um enfermeiro para cada 10 leitos. São eles que monitoram os equipamentos de ventilação mecânica para ajudar os casos graves da doença e administram os medicamentos.
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