Negociações Coletivas Pós-reforma Trabalhista foi o tema central em debate na manhã desta terça-feira, 31 de julho, no Seminário da UGT-SP que acontece até dia 1º de agosto no Centro de Lazer da Fecomerciários em Praia Grande. O primeiro palestrante do dia foi José Silvestre Prado de Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, que falou sobre “O Mercado de Trabalho e a Qualidade do Emprego Após a Reforma Trabalhista”.
Silvestre fez um apanhado da crise econômica, do trabalho e do emprego que começou a despontar logo no segundo semestre de 2014. “Nessa época, já havia sinais da crise da economia brasileira, já havia dificuldades, que acabaram se concretizando com mais força em 2016. Em 2017, houve pequena melhora, o PIB cresceu 1%, o que criou um falso otimismo no mercado de crescimento de até 3% em 2018, mas não foi o que vimos”.
Para o coordenador do Dieese, o emprego, que já vinha capengando até 2016, piorou com a entrada em vigor da reforma trabalhista, em novembro de 2017. A mudança na legislação agravou o quadro, trouxe precarizações no mercado de trabalho por conta das novas formas de contratação. O canto da sereia do governo e dos defensores da reforma, “de que ela ia trazer segurança jurídica para as empresas, gerar emprego e fortalecer as negociações coletivas, por conta do negociado sobre o legislado, era tudo balela. Nada disso aconteceu”, disse Silvestre. Segundo ele, os números do mercado de trabalho mostram essa contradição. “Os empregos criados são os de pior qualidade, precarizados, a remuneração é baixa, os direitos não são respeitados. Hoje, 40% dos trabalhadores formais estão na condição de precarizados”.
Os trabalhos mais precarizados estão nos setores do comércio e de serviços, nas regiões Sul e Sudeste, segundo Silvestre. “Muita gente viu os anúncios de emprego logo que a reforma trabalhista entrou em vigor, de R$ 4,00 por hora, nos modelos de trabalho intermitente, e essa é uma realidade hoje”.
A taxa de desemprego medida pelo IBGE, para trabalhadores formais a partir de 14 anos de idade, que era de 6,5% em 2014, começou a despencar no início de 2015, hoje está em 13,1%, ou seja, mais do que dobrou no período. “Por outro lado, existem os desalentados, ou seja, as pessoas que nem mais procuram trabalho. Eles eram 2 milhões em 2016 e saltaram para mais de 4 milhões em 2018, o que reflete a crise econômica reforçada pela entrada em vigor da reforma trabalhista”.
“O desafio do movimento sindical é criar condições para defender os trabalhadores e, para isso, é preciso aumentar a representatividade, a sindicalização na base, ter unidade para lutar na defesa das categorias e do custeio sindical. O desafio do Dieese é participar dessa luta ajudando a reestruturar as entidade sindicais”, finalizou o palestrante.
Fonte: UGT
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